Nada menos que 21 obras no setor de saúde estão em andamento no município de Varginha. A maior delas é a Unidade de Pronto Atendimento 24h (UPA 24hs), um projeto de R$ 3,3 milhões em obras e mais R$ 1 milhão em equipamentos localizada no no bairro Sion/Padre Vítor. Segundo o prefeito Eduardo Carvalho Corujinha, a inauguração ocorrerá no início do segundo semestre e vai contar com a presença da presidente Dilma Rousseff. “A nova UPA dotará a cidade de um pronto-atendimento compatível com capitais importantes e cidades de grande porte”, afirma o prefeito.
Junto com a Central de Regulação do Samu – Serviço de atendimento móvel de urgência, com inauguração prevista para o final de 2011, o Sul de Minas ganhará a mais completa infraestrutura para atendimento de urgência e emergência e politraumatismos. “Hoje, temos o pronto-socorro do Hospital Bom Pastor, que já oferece um atendimento de qualidade para os varginhenses”, diz Corujinha. “Com a inauguração das duas unidades, Varginha e região passarão a ter uma completa rede de atendimento de urgência”.
Com essas inaugurações, a saúde pública de Varginha, que já era considerada referência regional, dotada de todos os grandes serviços de complexidade, como cirurgia cardíaca, oncologia, hemodiálise, maternidade e pediatria de alto risco, completará o conjunto de necessidades da população. “Vamos desde a atenção primária, com as PSFs, até a urgência e emergência, passando pelo referenciamento secundário e atendimento eletivo e atenção terciária, por meio dos centros de fisioterapia e recuperação”, afirma Corujinha.
O Samu 192 terá como área de abrangência os municípios da Gerência Regional de Saúde de Varginha, que conta com 50 municípios, tendo Varginha como sede da Central de Regulação Médica, que funcionará no Parque Imperador.
Dezesseis ambulâncias já foram cedidas pelo Ministério da Saúde, sendo três Unidades de Suporte Avançado e 13 Unidades de Suporte Básico, com uma reserva que permanecerá como apoio. Elaborado em parceria pela Secretaria Municipal de Saúde de Varginha, Colegiado de Secretários Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems) e Secretaria de Estado de Saúde (SES), por meio da Gerência Regional de Saúde, o Samu 192 vai proporcionar um ganho para a região, pois visa à reorganização do atendimento de urgência e emergência, com foco na assistência na primeira hora após um evento agudo, como traumas, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, entre outros.
A previsão para a conclusão das obras da Central de Regulação é de cinco meses. O município de Varginha cedeu um terreno de mais de 11 mil m², ficando a cargo do Estado e da União o investimento integral para a construção, compra dos equipamentos e aparelhagem para a instalação do complexo. Nele atuarão médicos reguladores, equipe administrativa e suporte às unidades móveis, inclusive telefonias e rádio-operadores. A sede atenderá aos municípios localizados nas microrregiões de Lavras, São Lourenço, Três Corações, Três Pontas e Varginha, totalizando uma população de 862 mil pessoas, numa área geográfica de 16,6 km².
Unidades básicas de saúde
Outras obras importantes para a população serão as novas Unidades Básicas de Saúde (UBS). A unidade do bairro Corcetti, ao custo de R$ 400 mil, deve ser inaugurada em até 20 dias. É resultado de parceria entre o Estado e o município, que elaborou o projeto e ofereceu o terreno, além da contrapartida de R$ 100 mil, além dos equipamentos e do custeio. Terá duas equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e atenderá moradores dos bairros Corcetti 1, 2 e 3, Jardim Estrela 1 e 2 e da zona rural, com população estimada de 9.000 moradores.
Também encontra-se em fase de obras a UBS da Vila Mendes II, parceria entre os governos federal, estadual e municipal que terá custo de R$ 420 mil. Abrigará três equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) para atender os bairros Vila Mendes 1 e 2, Jardim Zinoca, Vila Flamengo, Campos Elíseos e Parque do Retiro, com população estimada em 12 mil pessoas. Terá equipe multiprofissional que será mantida com recursos do estado e do município.
Corujinha destaca ainda o Centro Viva Vida, de referência secundária, voltado para a atenção integral à saúde sexual e reprodutiva. Ao custo de R$ 2 milhões, será mantido com recursos do Estado e do município. A prefeitura também cedeu o terreno, localizado no bairro Boa Vista. “Será um centro dedicado à prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças sexualmente transmissíveis e voltado para o atendimento de mulheres, casais, gestantes e crianças”, diz o prefeito. O local também fará atendimento ginecológico e urológico e à saúde reprodutiva, dará assistência a casais inférteis, ao pré-natal de alto risco, pediatria de alto risco e orientará os casais no planejamento familiar. Entre os equipamentos disponíveis terá mamógrafo digital, cardiotacógrafo e ultrassom e oferecerá exames especializados dentro dessas clínicas.
Inauguração da Casa da Gestante
Para as gestantes de alto risco e da zona rural, mães de recém-nascidos internados na UTI e nutrizes que necessitem de auxílio de longa duração, foi inaugurada em abril a Casa de Apoio à Gestante. O projeto, orçado em R$ 523 mil, é resultado de parceria com o governo do estado, o Hospital Regional do Sul de Minas, a ONG Amar e a prefeitura, que cedeu terreno de 500 m². A inauguração contou com a presença do governador Antonio Anastasia.
Em sua visita, Anastasia também inaugurou a nova Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) do Hospital Bom Pastor, que pertence à Fundação Hospitalar do Município de Varginha (Fhomuv), e as novas instalações da Ala de Internação, Farmácia e do Setor Administrativo do Hospital Regional, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig). Essas obras foram orçadas no valor total R$ 2,3 milhões e participação da Prefeitura foi de R$ 840 mil.
Nova sede
Outra obra importante para a população de Varginha é a nova sede da Secretaria Municipal de Saúde, no bairro Bela Vista. “A sede atual já não comporta os servidores administrativos da Secretaria e o atendimento ao público”, comenta o secretário Fausto Geraldeli Carvalho. “Com a nova sede, a administração ganhará agilidade e modernidade”, completa. Simultaneamente, os técnicos da Secretaria fazem cursos de capacitação em gestão de saúde. Atualmente, oito participam desse tipo de curso. O espaço, com 5.000 m², abrigará toda a equipe administrativa da Secretaria.
Pronto-Atendimento
A construção da UPA 24h e a chegada do Samu 192 adequarão Varginha e região à Portaria 2.922/2009, que estabeleceu diretrizes para o fortalecimento, implementação e organização de redes locorregionais de atenção integral às urgências. Além de estabelecer pactos e fluxos entre os municípios, a UPA terá impacto positivo no quadro de saúde individual e coletivo da população.
A UPA atenderá pacientes com quadros agudos de natureza clínica ou crônica com atendimento resolutivo e qualificado de natureza cirúrgica e de trauma. Prestará primeiro atendimento e investigação diagnóstica, definindo a necessidade de encaminhamento paras as referências.
Também atuará como intermediário entre a atenção primária (Policlínicas) e a rede hospitalar. “A UPA possui um papel direcionador e ordenador do fluxo de urgências”, afirma o secretário Fausto Geraldeli. Ele destaca que ocorrerá uma diminuição da sobrecarga das urgências dos hospitais de maior complexidade e uma função de retaguarda, atendendo às demandas da população, especialmente à noite e nos finais de semana.
Fausto Geraldeli destaca que Varginha ganhará uma UPA de porte 3, destinada para populações acima de 200 mil habitantes, apesar de ter apenas 123 mil habitantes. Instalada em área de 1.800 m², poderá realizar 450 atendimentos a cada 24 horas. Terá pelo menos seis médicos por plantão, entre pediatras e clínicos gerais, com 20 leitos de observação. Os recursos para as obras e equipamentos são dos governos federal e estadual, enquanto que parte do custeio mensal virá da União e município.
Hospital Bom Pastor
O Bom Pastor é referência do Sul de Minas para tratamento do câncer, por meio do Centro de Oncologia Dr. Alfredo Cavalcanti. Tem por finalidade o fortalecimento e melhoria da qualidade de serviços hospitalares oferecidos à população de Varginha e aos municípios referenciados, no atendimento à clínica médica, cirúrgica, oncológica e tratamento da Aids, no raio de atuação de mais de 1,5 milhão de habitantes, totalizando 173 cidades no Sul de Minas.
A Fundação conta com 117 leitos, distribuídos em alas, para os clientes da clínica médica, cirúrgica e oncológica, sendo 107 para usuários do SUS e dez para convênios e particulares.
Equipado com aparelhos de diagnóstico e tratamento de última geração, o Bom Pastor recebeu, em 2010, um moderno acelerador linear, aparelho de radioterapia avaliado em US$ 500 mil. Para colocar o aparelho em funcionamento, foi realizada obra de R$ 2,2 milhões.
Para o diagnóstico, o Bom Pastor conta ainda com um aparelho de braquiterapia radioterápico com sistema Multilife que custou R$ 666 mil. “Esse aparelho facilita a localização do câncer para fazer a aplicação radioterápica”, diz o secretário Fausto Geraldeli. Também foi construída uma ala de oncologia pediátrica que atende crianças e jovens até 18 anos. O ambiente ganhou do Servas-MG uma brinquedoteca para uso das crianças.
Em 2010, o Bom Pastor recebeu o certificado de colaborador na análise de situação de saúde de Minas Gerais e participou, pela segunda vez, da revista “Registros Hospitalares de Câncer de Minas Gerais – Volume 2”. A publicação considera 27 hospitais de Minas Gerais que oferecem o tratamento de câncer no estado, considerados como alta complexidade.
A segunda edição da revista coloca o hospital em terceiro lugar no ranking de atendimento do câncer em Minas, com o total de 1.311 casos. Na macrorregião Sul, da qual fazem parte os hospitais das cidades de Alfenas, Passos, Poços de Caldas e Pouso Alegre, a cidade de Varginha tem o hospital com o maior número de casos analisados, levando em conta dados concisos e relevantes para políticas públicas de saúde.
O HBP é ainda, o segundo hospital de Minas com o maior número de consultas realizadas anualmente, com média de 334 mil/ano. É referência no tratamento de câncer para cerca de 170 municípios da região. “Ficamos muito felizes com esse resultado, sinal de que nosso atendimento está sendo eficaz. Investimos em tecnologia e segurança para garantir atendimento de qualidade a todos os nossos clientes”, afirma o diretor geral, Aniel Braga Silva Filho.
Os dados do Hospital são cada vez mais valorizados e utilizados em pesquisas no Brasil. São nove anos consolidados, com um banco de dados de 12 mil casos de câncer registrados. O coordenador técnico do registro hospitalar de câncer, médico Sinézio Alves da Silva, explica que é relevante a situação de Varginha quando comparado a números significativos e totais do Estado. “Um exemplo é o câncer de mama, pois cerca de 70% dos casos que chegam para o tratamento em Varginha são em fases iniciais da doença, dando maior chance de cura aos pacientes”. Segundo o médico, o hospital recebe 6% do total de casos de mama de Minas Gerais “com essa vantagem de serem casos em fases iniciais”.
Obras para 2011
PSF do Corcetti
PSF Vila Mendes II
Núcleo de Zoonoses
Canil da Fazendinha
Sede da Secretaria de Saúde
UPA 24 hs
Central de Regulação Samu 192
Centro Viva Vida
Centro de Reabilitação e Fisioterapia
Reforma da Policlínica Pinheiros
Convênio braquiterapia
Reforma da Uaps Barbacena
Reforma da Unidade Dr. José Justiniano dos Reis
Reforma da Unidade Santana
Investimentos
Para oferecer a melhor saúde pública do Sul de Minas, a Prefeitura de Varginha não tem feito economia. Apesar de a legislação determinar que os municípios devam aplicar pelo menos 15% do orçamento nesta área, a prefeitura investe 31,3% de tudo que arrecada. “Esperamos mais do Estado, a partir da regulamentação da emenda 29. Mas não economizamos quando o assunto é a saúde da população”, diz Corujinha.
O orçamento de 2011 será de R$ 196 milhões. As áreas de saúde e educação vão absorver a maior parte dos investimentos, ficando a educação com 28,5%. Segundo o prefeito, a administração municipal optou por investir fortemente nessas áreas, uma decisão política que vem marcando a administração municipal. “Durante todos esses anos demos prioridade para saúde e educação. Varginha sempre projetou suas despesas com o objetivo de ultrapassar a porcentagem de investimento obrigatória”.
A Fundação Hospitalar do Município de Varginha e o Inprev (Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Varginha) terão cerca de R$ 35 milhões em 2011. Além dos recursos próprios, a prefeitura investe em saúde e educação por meio de convênios com a União e o Estado. O PAC 2, do governo federal, por exemplo, vai transferir verbas para as Unidades Básicas de Saúde do Bom Pastor, Ozanan, Imaculada Conceição, Mont Serrat e Centenário e para a UPA 24 hs.
O custeio mensal do Samu 192 será de aproximadamente R$ 920 mil e 25% desse valor serão advindos do consórcio de municípios criado para gerenciar a rede de urgência. “Estamos nos empenhando para manter o serviço público de saúde de Varginha entre os melhores do Estado”, diz Corujinha. “Saúde não depende apenas das obras. Os recursos humanos são fundamentais, com profissionais qualificados, além dos equipamentos de primeiro mundo, organização do atendimento e uma boa gestão pública”, completa.
O atendimento tornou Varginha um polo macrorregional de saúde do Sul de Minas. Corujinha lembra que moradores de toda a região buscam atendimento na cidade, o que implica gastos elevados. “Estimamos que 20% dos atendimentos são de pacientes de outras cidades”, avalia o prefeito. O secretário Fausto Geraldeli lembra ainda que o município arca com o déficit de atendimentos pelo SUS. “Registramos uma média de 10.600 internações por ano”, diz. O déficit financeiro mensal, coberto com recursos do município, chega a R$ 400 mil, o que corresponde a R$ 4,8 milhões por ano.
Indicadores
Com uma rede formada por 20 postos, policlínica central, dois hospitais (Bom Pastor e Hospital Regional) e um corpo formado por 180 médicos, além de outros profissionais de saúde, Varginha atingiu indicadores de primeiro mundo. O índice de mortalidade infantil é de oito mortes a cada mil nascimentos, compatível com países do Norte da Europa. Já o Índice de Vidas Perdidas, indicador de referência global, é de apenas 12 em mil.
As consultas e cirurgias eletivas são realizadas em até duas semanas, melhor que a média dos planos e seguros de saúde e compatível com a rede particular de saúde. No entanto, o prefeito Eduardo Carvalho, médico e ex-secretário de Saúde, admite que o setor apresenta uma característica de “demanda infinita”. “O serviço público deve buscar o aperfeiçoamento constante, mas sempre haverá carências”, afirma.