O modelo moderno de escola ultrapassa as barreiras da sala de aula e a linha reta em que os alunos apenas recebem ensinamentos. O objetivo agora é a participação dos estudantes como agentes ativos e modificadores da sociedade. Seguindo esta linha, a Prefeitura de Varginha, através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC) e outras entidades como a Guarda Municipal, intensifica o trabalho de implantação do Projeto “Grêmio nas Escolas – Pelo Fim da Violência”.
A iniciativa vai além da organização estudantil pura e simples, pois ele é um espaço para exercitar a ética e desenvolver os valores humanos. Os grêmios estudantis representam um fórum legal e legítimo de decisões sobre os interesses dos estudantes. Neles o estudante tem a oportunidade de participar de processos de discussão sobre as necessidades das turmas, de propor soluções alternativas para os problemas, de envolver-se na dinâmica da escola.
Neste ano de 2011 a SEMEC trabalha no reforço do processo de funcionamento dos grêmios nas escolas municipais. Desta vez o foco são as orientadoras educacionais do município, figuras de referência para os gremistas. “A SEMEC aposta na capacitação desse grupo, formação agora voltada para a efetivação das propostas semeadas, temos como temática daqui pra frente a gestão e o planejamento para os grêmios estudantis”, explicou a secretária municipal de Educação e Cultura, Heliana Vinhas Ferreira.
“Acreditarmos que é função da escola promover ações e situações que propiciem um ambiente favorável para que os grêmios se formem e exerçam seu papel. As vozes juvenis precisam ser ouvidas. Estamos falando de participação e atuação efetiva na gestão da escola. Falamos de tomar posse do processo de educação”, completou Heliana.
Segundo a coordenadora de educação não-formal da SEMEC, Priscila Bibiano, “o projeto 'Grêmio nas Escolas: pelo fim da violência' vem abrindo portas, e isso por si só é um avanço considerável em se tratando de educação não-formal. Ouso afirmar que é a instauração de outra versão da escola pública de Varginha”.
“Viver e Florescer”
Um exemplo da iniciativa do Grêmio Estudantil acontece na Escola Municipal São José, através do grêmio “Viver e Florescer”. A chapa “Nova Geração”, empossada este ano, conta com 16 integrantes. O objetivo da chapa é contribuir para a participação dos alunos nas atividades da escola, promovendo palestras, oficinas, comemorações de datas relevantes, projetos esportivos, sociais e outros que atendam toda a comunidade escolar.
A presidente do grêmio, a aluna do 8º ano, Cristiele de Souza Bruno, disse que a intenção maior do projeto é a ajuda entre si dos estudantes. “Já realizamos a palestra e a panfletagem sobre bullying e iniciamos recentemente a projeto de coleta seletiva para conscientização sobre meio ambiente e arrecadação de fundos para a criação da rádio da escola”, apontou.
O coordenador cultural do grêmio, Italo José da Silva Coelho, do 9º ano, afirma que o “Viver e Florescer” também atua na criação de projetos ligados ao entretenimento. “Usamos as datas comemorativas para unir os alunos, como por exemplo o Dia dos Namorados, quando fizemos o correio elegante”, disse.
A diretora da Escola Municipal São José, Ludimilla Silva Lima Costa, e a orientadora educacional, Márcia Ribeiro Destefani de Paiva, afirmam que com o grêmio os alunos estão visivelmente mais envolvidos com as atividades da escola. Segundo as educadoras, os projetos melhoram a disciplina e deixam os alunos empolgados e animados na montagem de projetos. “Mudou o perfil das iniciativas, já que agora as ideais também partem deles e não apenas da direção ou dos professores”, justificam.
Histórico
O projeto de organização dos grêmios estudantis para a cidade de Varginha nasceu de reuniões realizadas entre o vereador Rogério Bueno com jovens atuantes dentro da escola. Os participantes procuraram um meio de fazer acontecer o processo de protagonismo juvenil, com a alternativa do projeto Grêmio em Forma. Depois disso, entidades do município se uniram, entre elas a Prefeitura de Varginha, através da Guarda Municipal e a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SEMEC). O projeto só foi possível devido aos recursos buscados pela Guarda Municipal junto ao Ministério da Justiça, no ano de 2006.