O hall de entrada da estação ferroviária (imóvel tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal) ficou lotado durante a cerimônia de lançamento do livro “Aurélia Rubião: Vida e Arte”, de autoria do historiador José Roberto Sales. Familiares da pintora varginhense ficaram emocionados com a qualidade da obra, resultado de dois anos de pesquisa e entrevistas do autor. O presidente da Câmara, vereador Vérdi Lúcio Melo, elogiou José Roberto e a Lei de Incentivo à Cultura, que permitiu a concretização do trabalho. O prefeito Eduardo Carvalho “Corujinha” cumprimentou o autor, os parentes da pintora e toda a equipe do Conselho Municipal de Incentivo à Cultura (Comic). “Confesso, sem vergonha, que não conhecia a trajetória completa da pintora Aurélia Rubião, até porque não havia registro de seu trabalho. Agora que o José Roberto realizou esse livro excelente, todos temos a obrigação de conhecer sua obra, que agora está corretamente registrada na memória da cidade”. Familiares de Aurélia Rubião também usaram a palavra, agradecendo o autor do livro pela obra e o Conselho de Incentivo à Cultura, por possibilitar que o livro fosse publicado. A diretora-superintendente da Fundação Cultural, Paula Andréa Direne Ribeiro lembrou que o autor do livro conversou com ela quando começou a pesquisa sobre Aurélia Rubião. “O José Roberto disse que não queria fazer o livro através da Lei de Incentivo à Cultura, criado pelo saudoso ex-prefeito Mauro Teixeira no ano de 2001 porque era muito complicado. Que bom que você decidiu fazê-lo e hoje temos a oportunidade de ver essa obra magnífica”. José Roberto agradeceu a todos pela “paciência e colaboração nos processos de pesquisa, captação de recursos e elaboração do livro”. Em seguida, autografou os livros para as pessoas presentes.
Aurélia Rubião e o livro
O livro tem 488 páginas, dezenas de fotos dos quadros de Aurélia e levou mais de dois anos para ser elaborado. José Roberto, autor de outros 18 livros, exercita o lado técnico ao produzir suas obras. No caso de Aurélia, chegou a entrevistar o médico que fez o atestado de óbito da artista. Aurélia Rubião morreu aos 86 anos em São Paulo e foi sepultada em Varginha.
José Roberto entrevistou familiares, amigos e colecionadores particulares, teve contato com a Fundação Bienal de São Paulo, entrevistou técnicos do Museu Mineiro. Ouviu a única aluna viva de Aurélia, a senhora Maria Rezende Pinto de Miranda (à época, estudante do Colégio dos Santos Anjos de Varginha). “Aurélia era uma doçura de pessoa, de fino trato com todos”, disse dona Maria Rezende ao autor do livro.
A doçura de pessoa era também determinada. Foi jovem para São Paulo, com apoio da família, onde cursou a Escola de Belas Artes. A ideia era explorar o potencial artístico reconhecido pela família, uma vida diferente daquela à que as jovens do interior de Minas na década de 30 estavam acostumadas. Aurélia conviveu com Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Henriqueta Lisboa e vários intelectuais. Realizou pelo menos 40 exposições em vida - a primeira e a última, em Varginha. Cinco mostras póstumas foram registradas no livro. “Aurélia foi uma pintora figurativista, no estilo naturalista clássico, um dos nomes mais importantes da pintura mineira”, diz o autor do livro.
Para ser realizado o livro contou com apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura. José Roberto teve como produtoras culturais Marilda Vasconcelos Pimentel Venga e Marília Vasconcelos Pimentel, parentas de Aurélia. A dupla visitou empresários, em busca de apoio financeiro. A empresa patrocinadora do livro é a Autotrans (a lei permite às empresas destinar parte de impostos municipais a projetos culturais).
O autor do livro ocupa a cadeira 8 da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências (AVLAC). Aurélia Rubião ocupou a cadeira 24 da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências, na qualidade de membro-correspondente, pois, à época, residia em São Paulo.